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sábado, 30 de maio de 2015

30 de Maio - Dia do Geólogo

Afinal o que é um geólogo... na Terra?

A questão foi levantada por R.C. Selley em artigo para o Council of the Geological Society em 1995. Selley [1] refere duas tendências diferentes, embora relacionadas:

1. Um número cada vez menor de cientistas trabalha em Geologia com formação (geológica) clássica, e experiência adquirida pelo trabalho de campo (podemos considerá-los "orto"-geólogos).

2. Importantes contribuições para a Geologia têm sido dadas por cientistas sem formação clássica em Geologia; podemos considera-los "para"-geólogos.

A Sociedade Geológica inglesa encontrando-se perante o dilema entre manter o perfil clássico de geólogo (garantindo assim o reconhecimento da classe) e a necessidade de "acolher" os "para"-geólogos (podendo colocar em risco a identidade da classe) promoveu um debate e ouviu diversas instituições, organizações industriais e academias inglesas. Quatro importantes questões foram discutidas no sentido de se obter um consenso:

1. O que é Geologia ?

Foram apresentadas diversas definições; historicamente a primeira utilização do termo foi feita por Richard de Bury (Bispo de Durham 1333-1345) que definiu geologia como o estudo das coisas terrenas, por oposição a teologia — estudo das coisas divinas.

Rothery (Open University) apresentou uma definição suficientemente abrangente para incluir o estudo de planetas, satélites e asteroides. A Universidade de Bristol propôs o estudo de todas as coisas da ionosfera para baixo. Ambas as definições são muito mais abrangentes do que a definição de Holmes o estudo da Terra ou da citação clássica se bates com um martelo, então é geologia.

Aceitando o espectro de definições apresentadas poder-se-á argumentar que um cientista da Terra estuda o planeta desde a ionosfera para baixo, incluindo portanto, meteorologia, climatologia, oceanografia e geologia. Um cientista da Terra (geocientista) aplica a ciência no estudo da Terra.

Um geólogo é um [cientista da Terra] especialista em observação de campo, que estuda as rochas (condizente com a citação anterior "se bates com um martelo, então é geologia").

2. O que caracteriza um Geólogo?

Um geólogo é definido pelo conhecimento, capacidades ou ações? O debate permitiu concluir que um geólogo é caracterizado mais pelas capacidades do que pelo conhecimento, nomeadamente:

1. Por aptidão natural, ou treino, os geólogos são capazes de tomar decisões com base em dados que são inadequados, que provêm de várias fontes, e que apresentam grau de confiança muito variável (daí que frequentemente ex-geólogos sejam bons em finanças).

2. Por aptidão natural, ou treino, os geólogos têm mais "consciência sinérgica" do que outros especialistas numa única ciência pura.

3. Por aptidão natural, ou treino, os geólogos possuem uma percepção tridimensional (3D) bem desenvolvida.

4. Por aptidão natural, ou treino, os geólogos possuem uma percepção 4D bem desenvolvida.

Serão as capacidades acima apresentadas, inatas ou adquiridas pelo trabalho de campo, que diferenciam um geólogo de outros cientistas da Terra (geocientistas). Apesar destas capacidades poderem ser inatas nalgumas pessoas, são particular e efetivamente adquiridas através do trabalho de campo em geral, e da cartografia geológica em particular.

3. Trabalho de campo?

É surpreendente verificar que os geólogos empregados na indústria consideram de maior importância o treino em trabalho de campo do que os geólogos das universidades. Selley acrescenta não existirem duvidas de que muito poucos cursos seguem a regra — Oxburg-Rule — de 150 dias de trabalho de campo necessários para a formação de um geólogo. A fatura está a ser paga:

uma famosa sondagem em West Shetlands furou 60m no soco porque nenhum dos 6 geólogos que a acompanharam reconheceu o granito.

numa das suas últimas saídas de campo a Java, depósitos marinhos "beach rock" foram-lhe descritos como "carbonatito vulcânico".

apresentaram-lhe sinclinais que eram anticlinais e vice-versa devido a má aplicação do critério de polaridade.

foram mostradas argilas marinhas com intercalações de bombas-vulcânicas (o que constituía um grande mistério pois não era conhecido vulcanismo contemporâneo); quando bateu com o martelo nestas "bombas-vulcânicas" revelaram-se nódulos de de siderite alterados cheios de bivalves.

Grandes geo-fantasias têm sido criadas com base em observações errôneas deste tipo. Se o treino em trabalho de campo diminuir tais geoboobs irão multiplicar-se.

4. Acreditação de geólogos?

Muitas vezes a discussão acerca do que era geólogo, ou geologia, virou-se para a importância do título profissional Chartered Geologist (Geólogo encartado).

Muitas organizações consideram a obtenção do estatuto de Chartered como uma parte integrante do desenvolvimento das carreiras profissionais do seu staff, sejam consultores, engenheiros ou cientistas.

Historicamente o título Chartered Geologist é mais valorizado pelos geólogos que se empregam junto de engenheiros. Na indústria de petróleo britânica, contudo, o título de geólogo encartado é pouco considerado. Todavia ganha importância para trabalhos transoceânicos e particularmente para sub-contratos e consultores.

Pelo contrário nos departamentos universitários verificou-se constantemente que o corpo docente não reconhece qualquer valor em se tornar chartered. Os acadêmicos ficaram muitas vezes surpreendidos com a ideia de que poderiam não ser considerados profissionais, pelo mundo exterior, dado seremunchartered.

No entanto é possível que, brevemente, a questão venha a ficar fora do âmbito da Geological Society. O Council of Science and Thechnology Institutes, o "guarda-chuva" de todos os organismos científicos e profissionais ingleses, está atualmente a ponderar a possibilidade de considerar em paridade os títulos de Chartered Scientist e de Chartered Engineer.

Fonte: www.geopor.pt

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