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terça-feira, 1 de julho de 2014

01 de Julho - Dia da Vacina




Ao perceberem que os sobreviventes de um ataque de varíola não voltavam a sofrer da doença, muitos povos tentaram provocar a moléstia numa forma mais branda.
Os primeiros registros desta prática, que recebeu o nome de variolização, remontam aos chineses. Era conhecida entre diversos povos da África e da Ásia, como egípcios, persas, indianos, circassianos, georgianos, árabes. Na Turquia, no início do séc. XVIII, duas inoculadoras de origem grega ficaram famosas - uma delas, a Tessaliana, chegou a imunizar cerca de 40 mil pessoas.
As técnicas diferiam: algodão, com pó de crostas ou pus inserido no nariz; vestir roupas íntimas de doentes; inscrustar crostas em arranhões; picar a pele com agulhas contaminadas; fazer um corte na pele e colocar um fio de linha infectado, ou uma gota de pus.
Embora a variolização pareça ter sido praticada em algumas regiões da França, na Escócia, no País de Gales e na Itália, atribui-se sua introdução na Europa a Lady Mary Wortley Montagu, mulher do embaixador britânico na Turquia, que fez inocular seus filhos. De Londres, a prática se espalhou pelo continente, popularizada pela adesão da aristocracia. Foram imunizados Luis XVI, na França, as filhas da princesa de Gales, na Inglaterra, e Catarina II, na Rússia.
A variolização logo chegou às Américas. Jesuítas inocularam índios no Brasil e Thomas Boylston imunizou 243 pessoas durante uma epidemia em Boston, em 1721. Na mesma cidade, em 1764, um novo surto de varíola levou à criação de dois hospitais particulares para inoculação. John Adams, mais tarde presidente dos Estados Unidos, submeteu-se ao tratamento. Este era prolongado - três a quatro semanas de internação e de duas a três em convalescença.
Desde sua introdução na Europa, a variolização sempre enfrentou uma oposição ferrenha, que se agravou com a comprovação de que cerca de 2% dos inoculados morriam e muitos desenvolviam formas graves da doença. Com isso, em muitos locais, a prática foi suspensa.
Edward Jenner, um médico inglês, observou que um número expressivo de pessoas mostrava-se imune à varíola. Todas eram ordenhadoras e tinham se contaminado com cowpox, uma doença do gado semelhante à varíola, pela formação de pústulas, mas que não causava a morte dos animais. Após uma série de experiências, constatou que estes indivíduos mantinham-se refratários à varíola, mesmo quando inoculados com o vírus.
Em 14 de maio de 1796, Jenner inoculou James Phipps, um menino de oito anos, com o pus retirado de uma pústula de Sarah Nemes, uma ordenhadora que sofria de cowpox. O garoto contraiu uma infecção extremamente benigna e, dez dias depois, estava recuperado. Meses depois, Jenner inoculava Phipps com pus varioloso. O menino não adoeceu. Era a descoberta da vacina.
A partir de então, Jenner começou a imunizar crianças, com material retirado diretamente das pústulas dos animais e passado, braço a braço. Em 1798, divulgava sua descoberta no trabalho Um inquérito sobre as causas e os efeitos da Vacina da Varíola.
Jenner enfrentou sérias resistências. A classe médica demonstrava ceticismo. Os variolizadores fizeram ferrenha oposição.
Grupos religiosos alertavam para o risco da degeneração da raça humana pela contaminação com material bovino: a vacalização ou minotaurização, como foi chamado.
Mas, em pouco tempo, a vacina conquistou a Inglaterra. Em 1799, era criado o primeiro instituto vacínico em Londres e, em 1802, sob os auspícios da família real, fundava-se a Sociedade Real Jenneriana para a Extinção da Varíola.
A descoberta de Jenner logo espalhou-se pelo mundo.
A partir de 1800, a Marinha britânica começou a adotar a vacinação. Napoleão Bonaparte introduziu-a em seus exércitos e fez imunizar seu filho. Nas Américas, chegou pelas mãos do médico Benjamin Waterhouse, de Harvard, popularizando-se, a partir de 1801, quando o Presidente Thomas Jefferson foi vacinado.
O imunizante chegou a Portugal, em 1799, dentro de um pequeno frasco. D. Pedro, futuro imperador do Brasil, e seu irmão foram inoculados.
Em 1804, o Marquês de Barbacena trouxe a vacina para o Brasil, transportando-a pelo Atlântico, por seus escravos, que iam passando a infecção vacinal, um para o outro, braço a braço, durante a viagem.
A oposição à vacina jamais cessou. Camponesas francesas recusavam-se a imunizar seus filhos na esperança de que a varíola lhes trouxesse tal degradação física, que os tornasse inaptos para o serviço militar e, portanto, para a guerra. Vacinadores eram obrigados a pagar para conseguir voluntários que se deixassem inocular, conservando o vírus vacinal.
Para muitos, a imunização causava repulsa porque o fluido vacinal era conservado em jovens confiados à caridade pública, muitos portadores de doenças venéreas e outras moléstias. Foram registrados casos de sífilis associados à vacina.
Mas nada contribuiu tanto para a resistência à vacinação quanto as epidemias de varíola na década de 1820, quando um grande número de imunizados adoeceu.
Descobriu-se, então, que a proteção não era eterna. Era preciso revacinar-se.
Além disso, a conservação da linfa braço a braço não só adulterava o fluido vacinal, como, com o tempo, fazia com que este perdesse sua potência.
A solução foi retornar ao vírus original: o da cowpox ou varíola das vacas.
Apesar de toda a oposição, a vacinação aos poucos foi se generalizando, mesmo que sob a pressão governamental. Ela se tornou obrigatória na Baviera em 1807, na Dinamarca em 1810, na Suécia em 1814, em vários estados germânicos em 1818, na Prússia em 1835 e, finalmente, na Inglaterra em 1853.
Pasteur Revoluciona a Ciência
A 6 de julho de 1885, chegava ao laboratório de Louis Pasteur um menino alsaciano de nove anos, Joseph Meister, que havia sido mordido por um cão raivoso.
Pasteur, que vinha desenvolvendo pesquisas na atenuação do vírus da raiva, injetou na criança material proveniente de medula de um coelho infectado. Ao todo, foram 13 inoculações, cada uma com material mais virulento. Meister não chegou a contrair a doença.
A 26 de outubro, o cientista francês comunicava à Academia de Ciências a descoberta do imunizante contra a raiva, que chamou de vacina em homenagem a Jenner.
Louis Pasteur já era famoso quando salvou Meister. Desenvolvera pesquisas sobre fermentação, elaborando um método para conservação da cerveja, a pasteurização. Formulou a teoria da origem microbiana das doenças. Comprovou que o carbúnculo era causado por um microorganismo e descobriu o estafilococo. Desenvolveu imunizantes contra a cólera das galinhas e o carbúnculo do gado.
Ao contrário da descoberta de Jenner, puramente empírica, as vacinas de Pasteur foram as primeiras obtidas de forma científica. Fundador da moderna microbiologia e da medicina experimental, Pasteur revolucionou a ciência, ao desenvolver um produto, produzido à vontade, por um método que podia ser generalizado.
A Descoberta das Toxinas
Em 1888, Emile Roux e Alexander Yersin descobriram que o bacilo da difteria produzia uma toxina poderosa, responsável pelos sintomas da doença.
Em 1891, Emil Behring injetava doses subletais desta toxina, provocando o aparecimento de moléculas antitóxicas, capazes de proteger contra a infecção e de ser transferidas para outros animais, imunizando-os. Ao aplicar este produto num caso agudo de difteria, deu início à soroterapia, logo empregada também no tétano. Por esta descoberta, Behring recebeu o primeiro Prêmio Nobel de Medicina.
Foram Loewenstein e Glenny que provaram, em 1904, que toxinas poderiam ser inativadas por substâncias químicas, no caso formol, mantendo seu potencial imunizante, mas sem causar infecção.
Essa descoberta levou ao desenvolvimento dos primeiros toxóides: diftérico e tetânico. Sauer, Kendrick e Eldering desenvolveram o primeiro imunizante contra coqueluche.
Em 1949, os toxóides tetânico e diftérico e o imunizante contra a coqueluche foram reunidos numa única vacina: tríplice ou DPT - a primeira no mundo a imunizar contra mais de um microorganismo.
BCG e a Tuberculose
Em 1909, Albert Calmette e Camille Guerin, do Instituto Pasteur, comunicavam à Academia de Ciências Francesa o desenvolvimento de um bacilo de virulência atenuada, proveniente de sucessivas culturas em bile de boi, com capacidade imunizante contra a tuberculose. Era o BCG que, após uma série de testes, passou a ser regularmente utilizado como vacina. Primeiro imunizante bacteriano atenuado, o BCG foi introduzido no Brasil em 1925 e é atualmente aplicado em crianças recém-nascidas.
A Vacina Contra Varíola
Os problemas decorrentes da linfa humana levaram à difusão da vacina antivariólica de origem animal, aperfeiçoada a partir das descobertas da microbiologia.
Conseguia-se a vacínia (vírus vacinal) raspando-se a pele de vitelos com cowpox. O produto obtido era, então, filtrado, para evitar a contaminação por outros agentes patogênicos.
Ao contrário do que pensavam Jenner e Pasteur, a vacínia - Poxvírus officinale - é um mutante obtido no laboratório, pela passagem seriada do vírus da varíola de vaca em pele de vitelo ou de coelho.
Foram realizadas várias tentativas de cultura do vírus vacínico fora do vitelo, mas a produção da vacina contra a varíola só sofreu uma grande modificação com a introdução da técnica de cultivo de vírus em embrião de pinto. Mais tarde, ela passou a ser liofilizada, isto é, ter sua umidade retirada, transformando-se numa pastilha e sendo reconstituída no momento da aplicação. Este processo dá maior estabilidade à vacina.
No Brasil, a vacina cultivada em ovo embrionado foi implantada pelo então Instituto Oswaldo Cruz, que já dominava esta tecnologia, usada na produção do imunizante contra a febre amarela.
Foram diversas as técnicas de vacinação contra a varíola: escarificação (incisão na pele), pressão múltipla (esfregar uma agulha paralelamente à pele), punção múltipla (várias picadinhas com uma agulha), broca (rodar um tubo capilar cortado com a vacina sobre a pele), injeção intradérmica e pistola.
Febre Amarela, um Imunizante Tropical
A descoberta de que a forma comum da febre amarela era a silvestre, e não a urbana, determinou novos rumos na profilaxia desta doença, deflagrando um grande esforço para o desenvolvimento de uma vacina.
Em 1936, Max Theiler e Henry Smith, da Fundação Rockefeller, chegaram à cepa 17D da febre amarela, vírus atenuado por passagens em cérebro de ratos e em embrião de pinto. No ano seguinte, a vacina foi testada pela primeira vez no Brasil. Em 1940, foi desenvolvido novo estudo de campo no sul de Minas Gerais, com a imunização de mais de cinco mil pessoas. A pesquisa deu subsídios para os últimos ajustes na forma final do imunizante.
A vacina contra a febre amarela é a primeira no mundo a usar o sistema de lotes-sementes, isto é, os lotes originais do vírus atenuado são submetidos a uma nova passagem em ovos embrionados, dando origem a lotes secundários que servirão de fonte para a produção do imunizante.
Desde o final da década de 30, a vacina contra a febre amarela vem sendo fabricada em Manguinhos. Hoje, a Fiocruz é responsável por 80% da produção mundial deste imunizante.
Popularidade da Vacina Contra Poliomielite
Nenhum imunizante contribuiu tanto para a popularização das vacinas como o antipoliomielite. Conhecida desde a Antiguidade, a doença passou a assumir importância como problema de saúde pública no final do século passado, ao irromper de forma epidêmica nos Estados Unidos e Europa.
O impacto causado pela visão de crianças paralíticas levou a população americana a uma mobilização sem precedentes nas Marchas do Dime, em que pessoas saíram às ruas em todo o país pedindo um dime (moeda de dez centavos) para a pesquisa de uma vacina contra a pólio. Bilhões de dólares foram arrecadados.
Em 1949, Jonas Salk desenvolveu uma vacina desenvolvida a partir de vírus inativados (mortos), que foi testada em 45 mil crianças nos Estados Unidos, em 1954. Foi o primeiro imunizante no mundo a ser produzido em cultura de tecidos (células de rim de macaco) e reunir mais de uma subespécie de vírus (poliovírus I, II e III).
No mesmo ano, Albert Sabin desenvolveu a vacina atenuada contra a pólio, a primeira a ser aplicada por via oral. Por mimetizar o mecanismo de infecção do vírus selvagem, com a excreção do microorganismo atenuado no ambiente, a vacina Sabin facilita a obtenção de altos níveis de imunidade coletiva.
Erradicação da Varíola
Quando em 1959, a Organização Mundial da Saúde lançou a campanha mundial para a erradicação da varíola, a transmissão da doença já estava extinta na Europa e na América do Norte. O programa, porém, não alcançou o êxito esperado, devido à insuficiência de vacinas, deficiências na sua produção e controle de qualidade e a falta de mecanismo adequados de conservação e distribuição do imunizante.
A partir de 1965, o programa foi reorganizado. A OMS investiu na produção de imunizantes em países endêmicos, estabeleceu normas para o controle de qualidade de vacinas, difundiu as técnicas de produção em ovos embrionados e da liofilização e de vacinação por pistola. Em 1967, a Campanha Mundial para a Erradicação da Varíola foi intensificada.
Neste ano, apenas dois países das Américas ainda registravam casos autóctones de varíola: a Argentina, com focos em cinco províncias, e o Brasil, onde a doença era endêmica.
Desde o ano anterior, o Governo brasileiro iniciara a fase de ataque de sua campanha contra a varíola, com vacinação em massa, cobrindo 88% da população brasileira, organização de uma rede de vigilância epidemiológica e criação, na Fiocruz, de um laboratório de referência para apoiar o programa de erradicação.
Em 1970, o Brasil era o único país do continente americano a registrar casos de varíola. No ano seguinte, descobriu-se um foco no Rio de Janeiro, no subúrbio de Olaria, com 20 casos. O último, detectado em 19 de abril, foi também o derradeiro caso nas Américas.
Dois anos depois, após intensa vigilância sem que nenhum novo caso tenha sido registrado, a OMS declara a varíola erradicada do continente americano.
Apesar da intensa mobilização e do esforço internacional, a campanha de erradicação varíola enfrentou algumas resistências. Nas ex-colônias da África, muitas ainda com memórias recentes das guerras de libertação, a marca deixada pela vacina antivariólica simbolizava submissão porque era associada aos antigos colonizadores. Nos países muçulmanos, onde as mulheres eram segregadas, a moral rígida colocava uma série de obstáculos à vacinação .
Mas foi a Índia que obrigou as equipes de saúde a exercerem toda a sua criatividade. Num país em que Shitala Mata era adorada como deusa da varíola minor, que enviava a seus fiéis como uma benção, era um verdadeiro sacrilégio recusar essa graça, fazendo-se vacinar. E o que era pior - a substância vacinal era tirada das vacas sagradas.
Mas a imaginação dos vacinadores encontrou a solução: a vacina era feita de varíola e quem se imunizasse estava se contaminando com a doença e, portanto, sendo abençoado pela deusa. A partir de 24 de maio de 1975, a Índia já não mais registrava casos de varíola.
O nomadismo africano e a instabilidade política de algumas regiões também prejudicaram campanha. Em 18 países, os vacinadores vivenciaram 23 mudanças de regime num período de apenas sete anos. Mas o programa foi superando todos os obstáculos.
Foi na Etiópia e na Somália que se travou a última batalha contra a varíola. Neste mesmo ano, a OMS detectava o último surto de varíola no mundo. era no interior da Somália, para onde a doença tinha sido levada por nômades etíopes.
Estes países apresentavam condições bastante adversas: pobreza, maioria da população residindo em locais montanhosos e de difícil acesso, resistência à imunização, presença de nômades e seqüestro de conselheiros da OMS. Em 1976, a Etiópia libertava-se da varíola. No ano seguinte, descobria-se o último foco da doença. Foram 39 casos - o primeiro a 30 de agosto e o derradeiro - Ali Maow Maali, a 26 de outubro.
O vírus da varíola passava a existir apenas em laboratórios da OMS. Em julho de 1978, Janet Parker, uma fotógrafa científica, que trabalhava na Universidade de Birmingham, contaminou-se acidentalmente com o vírus e morreu a 11 de setembro. Poucos dias depois, Dr. Bedson, que se considerava responsável pelo ocorrido, se suicidava.
Em maio de 1980, a OMS declarava a varíola erradicada do mundo.
PNI – Programa Nacional de Imunizações
Em decorrência do sucesso da campanha de erradicação da varíola, a Organização Pan-Americana de Saúde propôs, em 1972, um plano mais ambicioso: reduzir o número de casos de doenças evitáveis por vacinação em todo o continente. Dois anos depois, a OMS encampava esta meta e criava o Programa Ampliado de Imunizações (PAI).
Para organizar seus esforços no setor, o Brasil institucionalizou o Programa Nacional de Imunizações e o sistema nacional de vigilância epidemiológica e logo conseguia ampliar sua cobertura vacinal de 20% para 40%. Mas isso não era suficiente. Em 1980, o país optou pela estratégia de campanhas, criando os dias nacionais de vacinação contra poliomielite e obtendo uma drástica redução na incidência desta doença (de 1290 casos para 125). O sucesso fez com que diversos países da América passassem a copiar esta iniciativa.
Paralelamente, o país optava por estimular a produção nacional de imunizantes, reaparelhando os laboratórios estatais. Era preciso ainda garantir a qualidade das vacinas utilizadas nos programas oficiais. Em 1981, criou-se, na Fiocruz, o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde. A importância de sua implantação foi logo comprovada com a descoberta de uma partida de imunizantes iugoslavos contra a poliomielite contaminados por fungos.
Em apoio à luta para controlar a pólio, a Fiocruz implantou o Centro Internacional de Referência em Enterovírus, com a função de coordenar uma rede de laboratórios de diagnóstico, examinar e confirmar cada caso da doença. Coube ao Centro detectar que um surto de pólio no Nordeste devia-se ao subtipo III do poliovírus. A descoberta fez com que o Brasil desenvolvesse uma nova formulação para a vacina, com o aumento da quantidade deste subtipo, que a partir de 1989, passa a ser recomendada pela OPAS.
A imunização de todas as crianças no mesmo dia impôs ao país uma série de desafios, como a implantação de uma estrutura de distribuição, armazenamento e conservação das vacinas e a organização de um sistema confiável de registros. Foi necessário ainda investir no treinamento de pessoal.
O sucesso das campanhas de imunização deveu-se ainda à participação dos meios de comunicação de massa, mobilizando a população. De todos os pontos do país, em canoas, bicicletas, carroças e tratores, pessoas dirigiam-se aos cerca de 90 mil postos de vacinação, fixos e volantes. Para cada dia nacional de vacinação contra a pólio, era distribuir cerca de 36 milhões de doses de imunizante para atender a aproximadamente 20 milhões de crianças.
Em 1985, a OPAS lançava a campanha para acabar com a transmissão da poliomielite das Américas. Em 1988, a OMS encampou a iniciativa, adotando a meta de erradicação mundial da pólio até o ano 2000. Em 1989, foi registrado o último caso da doença no Brasil.
No ano seguinte, o país decidiu aproveitar a mobilização dos dias nacionais de vacinação para imunizar também as crianças contra o sarampo, a difteria, o tétano e a coqueluche, conseguindo índices de 90% de cobertura vacinal. Neste mesmo ano, a OPAS organizou campanhas de bloqueio em todos os países, onde o vírus ainda circulava. Em 1981, era registrado o último caso de poliomielite por vírus selvagem no continente americano em Junin, no Peru.
Em 1994, a Comissão Internacional para Certificação da Erradicação da Poliomielite declarava interrompida a transmissão do poliovírus selvagem nas Américas. Foi a primeira região do mundo a conseguir este feito.
Meningite, uma Epidemia sob Censura
Em 1974, uma epidemia de meningite meningocócica assolou o país. Despreparado para enfrentar o crescente número de casos, o regime militar censurou qualquer menção à doença nos meios de comunicação. Enquanto a moléstia se restringia às áreas mais carentes, a proibição funcionou, mas quando os óbitos começaram a ocorrer nos bairros nobres do Rio e São Paulo, a notícia vazou e a pressão da opinião pública se fez sentir. O Governo promoveu, então, uma campanha nacional de vacinação contra a meningite com imunizantes importados.
Procurando se preparar para novos surtos da doença, em 1976 o Brasil implantou em Bio-Manguinhos, unidade da Fundação Oswaldo Cruz, um centro de produção de vacinas contra meningite meningocócica A e C.
A vacina contra meningite meningocócica foi a primeira brasileira em polissacarídeos. Esta tecnologia produz menos efeitos colaterais, porque utiliza apenas pedaços do microorganismo, ao invés da bactéria inteira. Seu domínio possibilitou ao país a capacitação em modernos métodos de fermentação e purificação, aplicáveis a outros imunizantes bacterianos.
Como resultado de um programa para capacitação nacional em imunobiológicos, a Fiocruz lançava em 1982 o primeiro lote da vacina brasileira contra o sarampo, fruto de acordo de cooperação técnica com o Governo japonês.
A nacionalização deste imunizante revolucionou a produção de vacinas no país. A automatização dos equipamentos possibilitou a fabricação em escala industrial, reduziu os riscos de contaminação no processamento final e forçou a modernização no setor de insumos.
Foi a primeira vacina humana brasileira, utilizando a tecnologia de cultura de tecidos, aplicável a outros imunizantes virais e que possibilita a obtenção de produtos mais puros, com menores efeitos colaterais, bem como de grandes quantidades do concentrado viral.
Fonte: www.bio.fiocruz.br

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