Moura Ramos Indústria Gráfica: livros, revistas, embalagens, sacolas, agendas e impressos em geral.: 16 de Setembro - Emancipação Política de Alagoas (feriado estadual)

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

16 de Setembro - Emancipação Política de Alagoas (feriado estadual)

O progresso do Sul da Capitania de Pernambuco conhecido como Alagoas, fez com que sua população fosse logo desejando a independência. Mas nada era fácil. No início da segunda década do século XVIII, foi criada a Comarca de Alagoas, sob a jurisdição da Capitania de Pernambuco, e nomeado o primeiro Ouvidor Geral: José da Cunha Soares. 

Por não existir cursos jurídicos no Brasil, esse cargo era destinado a quem fosse mais letrado, com espírito de liderança. Transformava-se em comandante da Justiça, da Política e da Economia. E no período de mais de um século, entre 1711 a 1817 (ano da sua emancipação política), Alagoas teve 17 ouvidores gerais. 

Foi exatamente na segunda metade do século XVIII, que surge Maceió, de um engenho de açúcar denominado Massayó. A palavra é de origem indígena, significando terra alagadiça, que deu origem ao riacho com o mesmo nome. O engenho, de propriedade de Apolinário Fernandes Padilha, localizava-se na atual Praça Dom Pedro II, com o engenho propriamente dito, a casa de purgar, a senzala, a casa grande e a capelinha em louvor a São Gonçalo, que ficava no meio do morro do Jacutinga (Ladeira da Catedral). Durou poucos anos. Ficou em fogo morto e o povoando foi crescendo. Surgiram novos moradores, que logo foram construindo suas casas e formando um arruado. Em 5 de dezembro de 1815, o povoado é elevado a categoria de Vila, desmembrando-se da Vila de Alagoas (atual Marechal Deodoro). 

Surgiram ainda as povoações de Anadia, Atalaia, Camaragibe, São Miguel dos Campos, Poxim e Porto de Pedras. A Comarca tinha como sede a vila de Alagoas, atual Marechal Deodoro, uma espécie de capital, já com suas Igrejas monumentais, ainda hoje preservadas. Penedo, Porto Calvo e Santa Luzia do Norte, eram as outras vilas, que continuavam crescendo e atraindo novos moradores. 

Ainda no século XIX existiam em Alagoas as vilas de Água Branca, Mata Grande, Pão de Açúcar, Traipu, Piranhas, Palmeira dos Índios, São Miguel dos Campos, Quebrangulo, Assembléia (Viçosa), Imperatriz (União dos Palmares), São José da Laje, Murici, São Luiz do Quitunde, Coqueiro Seco e Pilar. DOS CORONÉIS Á PISTOLAGEM Alagoas sempre foi palco de conflitos e sua fama de terra violenta correu o país. No século XIX, surgiram vários desses conflitos. Na briga pela disputa da capital entre Marechal Deodoro e Maceió, consagrou-se dois alagoanos: Cansanção de Sinimbu e Tavares Bastos. Surgiu daí a chamada Guerra dos Lisos e Cabeludos, respectivamente conservadores e liberais. Era uma espécie de partidos políticos.

Os Lisos, comandados por Tavares Bastos, denunciavam que Cansanção de Sinimbu queria dominar Alagoas, formando uma verdadeira oligarquia. O dia 4 de outubro de 1844, foi “um dia de cão” em Maceió. Os Lisos invadiram Maceió e comandaram um tiroteio no Centro, que durou duas horas.

Ainda na década de 1840, surgem os temidos irmãos Moraes, que, para vingar a morte do pai, formaram um bando semelhante ao de Lampião, espalhando o terror por toda Alagoas. Para alguém morrer, bastava que o bando desconfiasse que este pertencia ao partido dos Cabeludos. A primeira vítima foi um tenente de Quebrangulo. 

Os irmãos Moraes, dividiam o ódio pelos assassinos do pai, aos integrantes dos Cabeludos. Tentaram matar o Barão de Atalaia, que diziam encontrar-se no Sertão de Pernambuco. Não encontraram o alvo, mas mataram um rapaz inocente, que estava na casa onde deveria se encontrar o Barão. 

Durante a Guerra do Paraguai, Alagoas enviou cerca de 3 mil homens para combate, inclusive toda a família Mendes da Fonseca (Deodoro e seus irmãos). A mãe, dona Rosa da Fonseca, vibrava com as notícias de vitória do Brasil, e demonstrava essa alegria, exibindo panos brancos nas janelas de sua casa na velha cidade de Alagoas. Mas três de seus filhos morreram em combate. Para ela, um ato de heroísmo. No final, o Paraguai ficou destruído. O que importava para o Brasil era mesmo acabar com aquele pequeno país, que na época adotava um sistema semelhante ao socialismo do século XX. O povo paraguaio, sempre teve espírito cívico. Quando surge algum ditador, procura derrubá-lo do poder. Assim fizeram com Alfredo Stroesner e mais recentemente com Raul Cubas. Ambos se refugiaram no Brasil. 

Nas décadas de 1920/30, o terror foi espalhado no Sertão alagoano com as sucessivas passagens de Lampião e seu bando, que evitavam as cidades por onde o trem passava. Mas, foi a polícia alagoana, que conseguiu acabar com essa fase de violência, matando Lampião, Maria Bonita e quase todos os cangaceiros, numa gruta, do outro lado do rio São Francisco, na localidade conhecida como Angicos.

Os chefes políticos sempre dominaram Alagoas, espalhando a violência em várias regiões. Sempre ficavam impunes. Detinham o poder político e econômico. Muitos episódios marcaram a História de Alagoas, envolvendo famílias violentas. Os Malta, de Mata Grande, fizeram história, brigando entre si: Maia, de Pão de Açúcar; Teixeira, de Chã Preta; Mendes, de Palmeira dos Índios; Novaes, de Santana do Ipanema; Fidelis, de Pindoba; Calheiros, de Flexeiras; Tenório, de Quebrangulo (de onde surgiu o lendário Tenório Cavalcante, mais conhecido como o “homem da capa preta”, que migrou para o Rio de Janeiro, aterrorizando a Baixada Fluminense, com sua famosa metralhadora: a Lourdinha.

Essas famílias, brigavam entre sí, por questões de terra e política. aterrorizando os moradores das cidades, que, temiam ser mortos. Em Mata Grande, os Malta brigavam entre primos, irmãos, tios e outros parentes provocando tiroteios em plena rua. Ninguém se atrevia a abrir a porta. Sempre foram temidos e se orgulhavam disso. Pindoba, sempre foi dominada pelos Fidelis, que aterrorizaram a pequena cidade. Não é mais. Muitos morreram, outros estão presos e, os sobreviventes, já não seguem o que seus antecessores fizeram. Matavam friamente os pobres coitados, que “olhassem atravessado” para um deles. Mas, essa fase também vem acabando. Muitos desses valentões já morreram, e os descendentes, já não mais seguem essa atitude burra, em desuso no mundo moderno em que vivemos. Pindoba hoje é comandada por um jovem fazendeiro, que não tem qualquer grau de parentesco com os Fidelis. A paz estabeleceu-se na cidade.

Outro episódio que ficou na história, ocorreu mais recentemente, envolvendo as famílias Calheiros e Omena, com sucessivos crimes, aterrorizando Maceió. O cabo Henrique, da Polícia Militar, para vingar a morte do pai, juntou seus irmãos (Omena) para matar os integrantes de uma porção violenta da família Calheiros, que assinam-se Cavalcanti Lins, com base na cidade de Flexeiras. Assassinatos sucessivos entre as duas partes, eram manchetes dos jornais na época.

No Sertão alagoano, surgem dois personagens, que aterrorizaram o Estado com sucessivos crimes: Floro e Valderedo. Iniciaram a matança por questão de vingança, e aos poucos, os assassinatos foram se sucedendo, culminando com uma espécie de bando, quase semelhante ao de Lampião.

No final de século passado, surgiu um outro bando, que aterrorizou o Sertão. Era de Marcos Capeta, um jovem revoltado, que assassinou dezenas de pessoas em várias cidades de Alagoas, Sergipe, Bahia e Pernambuco. Sempre conseguiu fugir da polícia. Mas foi morto pela PM baiana em agosto de 1999.

Vez por outra, surgiam famílias que dominavam a política e a economia em seus municípios, envolvendo-se em questões de terras, culminando com muita violência. Aos poucos, o coronelismo vai acabando, graças a democracia, com a liberdade de imprensa e as denúncias feitas, envolvendo figuras importantes do mundo político e econômico, que acabam abandonando esse lado violento e engajando-se ao mundo globalizado, competitivo e criativo, ao lado dos chamados emergentes, que são pessoas pobres, que cresceram economicamente e se tornaram líderes e poderosos. 


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