Moura Ramos Indústria Gráfica: livros, revistas, embalagens, sacolas, agendas e impressos em geral.: O que é design de embalagem? Parte 2/3

quarta-feira, 17 de julho de 2013

O que é design de embalagem? Parte 2/3

Continuando a série de posts sobre design de embalagens publicados originalmente pelo Choco La Design, trataremos de assuntos relacionados a Mercado, Anatomia e Impressão das embalagens. Vejam:

Mercado
Falar sobre Mercado e principalmente sobre conceitos que o envolvem, é sobretudo, trabalhar com constatações bastante efêmeras. Alguns estudos sobre perfis de consumidores se baseiam em características que não se aplicam mais. Não levam em conta, por exemplo, que devido a internet, os consumidores se tornaram muito mais inteligentes, por assim dizer.
Por isso, deixarei de lado algumas questões e trabalharei as que ainda fazem sentido para mim, de uma maneira mais honesta. Embalagens são feitas para transportar os produtos, mas arte é feita para vendê-los. A armadilha está em acreditar que um produto é realmente melhor que o outro por conta da embalagem.
Se for fazer um projeto de embalagem, considere estes 3 aspectos:
• Manifestação da Marca
• Diferenciação do Produto
• Organização de linha


Manifestação da marca

Muitos consumidores associam a marca a momentos, mas muitos não. Toda marca quer ser a marca mais lembrada dos consumidores na hora da compra e quer tornar a experiência do cliente com o produto algo para ser lembrado e experimentado novamente. A embalagem, portanto, torna-se uma manifestação da marca.

Diferenciação de Produto

É muito comum em pesquisas de Mercado, analisar os concorrentes e fazer o famoso Benchmark. Isso é importante, claro, afinal um produto que  pretende faturar milhões não pode desprezar seus concorrentes e se dar ao luxo de fazer algo muito diferente do que os consumidores  já aceitam. Ou seja, ninguém arrisca.
Ou arriscam?
Veja aqui

Organização de linha

A organização da linha é importante para um bom projeto, mas também para um bom entendimento da marca e da comunicação dela com o consumidor. Pode parecer que não, mas o consumidor percebe qualidade de serviço na organização da linha. Princípio de bom design, melhor dizendo.
As regras do jogo são essas. Porém, nem sempre são verdadeiras. Sorvelândia e Haagen Dazs, duas embalagens separadas por milhões de anos luz no que diz respeito a organização de linha, qualidade técnica de impressão e material, investimento, etc. Mas e o sorvete? Me perdoem, mas prefiro Sorvelândia.

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  • Anatomia

    O design estrutural abrange uma enorme diversidade de tipos de embalagens e é um trabalho integrado ao design de embalagem. Alguns dos pontos levantados para se investir em design estrutural de embalagens são questões de transporte, armazenagem, manuseio de produtos, exposição e merchandising, seleção de materiais, considerações ambientais, engarrafamento ou empacotamento, matérias-primas, custos de produção e de transporte.
    Em seguida, abordarei alguns tipos de embalagens mais comuns no mercado e o motivo pelos quais são usadas.

    Vidros e garrafas

    O vidro não é o material mais leve, mas, muitas vezes, é escolhido por sua resistência e aparência. E, apesar de consumir muita energia para ser produzido, é inteiramente reciclável. É ideal para proteger produtos sensíveis à luz e também possui uma enormidade de tamanhos e formas. Alguns efeitos podem ser utilizados no rótulo de uma garrafa através de gravuras e serigrafia, além do trabalho com textura ou transformação da garrafa em um objeto fosco ou polido.
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    Papel cartão

    As caixas de papel cartão abrangem uma gama muito grande de produtos. Desde produtos como alimentos congelados, cosméticos, produtos elétricos, medicamentos, doces e produtos para a casa. O material dá um aspecto rústico, resistente e sofisticado. Algumas opções de papel cartão são o papel sólido branqueado, o papel Kraft revestido não branqueado, papel cartão reciclado não revestido, papelão ondulado e papel cartão branqueado.Mom-Brands-03-Naturally-Nora

    Metal

    Embalagens metálicas dão ao produto uma vida útil muito grande, por isso é fácil entender porque estão nas prateleiras até hoje. É um material renovável e infinitamente reciclável. Oferece bastante proteção no transporte, e, nesse caso, exclui a necessidade de embalagens secundárias. Para cada tipo de alimento tem um tipo de material adequado. Nos alimentos como legumes, leite condensado, peixes e frutas é usado o aço. Para cervejas e refrigerantes o material mais recomendado é o alumínio. As informações da embalagem podem ser impressas no próprio metal ou em rótulos anexados à embalagem.

    Plástico

    O plástico pode ser usado para mostrar, conter ou proteger o produto. O material permite a impressão de diversas texturas e técnicas. Com uma grande variedade de opções para o uso em: poliestireno, plástico transparente tipo blister, o PVC e as embalagens clamshells.
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    Embrulhos

    Os embrulhos podem ser feitos de papel ou plástico. Uma das vantagens é que o produto pode ser manipulado pelo consumidor, através da sensação do peso, tamanho e forma. Além de permitirem uma infinidade de texturas e cores.

    Bisnagas

    Os matérias usados nestas embalagens são o metal e o plástico. Devido ao seu formato, algumas restrições são impostas ao designer: não possui muitas possibilidades de inovação, atando-se somente a criar uma nova tampa ou uma nova cor ou acabamento. Podem ser impressas em off-set ou, caso o processo seja de extrusão, são impressas simultaneamente. Para se arriscar na produção de uma embalagem em formato bisnaga, primeiramente deve-se conhecer o processo de fabricação.

    Latas

    As latas são muito utilizadas nas embalagens de alimentos e bebidas. Também é necessário entender seu processo de produção, o impacto que ela terá sobre o design e sua reprodução, além de entender a percepção do consumidor. E, neste contexto, perceber o impacto gerado na linha de produtos e da marca. Inovar neste tipo de material é muito arriscado, mas pode acarretar uma mudança de conceito no seguimento. Diversas empresas inovam e criam tendências. Basta estar atento e saber aproveitar o material e todo seu potencial mercadológico.
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    A lata é um excelente agente de integração social e um ótimo material para ser reciclado. Seu impacto ambiental é razoavelmente pequeno, pois a cultura de reciclagem é bastante disseminada. Devido ao incentivo financeiro das empresas de reciclagem, existe uma quantidade enorme de pessoas que recolhem estas latas, e os consumidores já sabem o que fazer ao descartá-las.

    Tubos e potes

    Todos os setores demandam uma utilização de tubos e potes. A variedade de formas e tamanhos é enorme: são utilizados para embalar desde remédios a artigos para casa. É uma área na qual os fabricantes oferecem muitas oportunidades de diferenciar-se da concorrência, posicionando a marca em uma patamar mais elevado.

    Clamshell e Blister

    Apesar de serem extremamente difíceis de se abrir, são uma ferramenta muito importante na exibição do produto, pois são transparentes e portanto de fácil visualização. O produto não precisa ser fotografado, pois já se pode vê-los. O transporte é seguro e eficiente, economizando espaço e diminuindo os gastos em logística.

    Embalagens moldadas

    Pensando em inovação, embalagens moldadas são uma ótima maneira de criar formas inesperadas. Além disso, podem aumentar a função da embalagem e diminuir o descarte. Todos os fatores estão ligados e explorá-los é o maior desafio. Dentro dessa opção, estão as embalagens de plástico moldado e polpa moldada. A ambas atribui-se algum conceito sustentável. Aos poucos vamos percebendo a necessidade de se trabalhar esta ferramenta e ao analisar os materiais fica mais fácil perceber isso. O plástico moldado gera uma economia de material e a polpa moldada é totalmente reciclável.

    Materiais

    Selecionar o melhor material é uma parte muito importante na elaboração de uma embalagem. Nesse apanhado de formatos que foi visto anteriormente, podemos perceber que certos produtos demandam certos tipos de materias. Também é importante para definir a percepção do consumidor. Na verdade, o material escolhido reflete o posicionamento do produto, quem ele pretende atingir e a quem quer agradar, pode causar boa ou má impressão, dependendo da utilização e da interpretação do consumidor. Além da qualidade gráfica, um bom material pode associar alguns atributos como qualidade, elegância, jovialidade etc. Todos os fatores agregam valor e o material não é diferente. Dessa forma, é importante dar uma atenção bastante especial a este item no projeto de embalagem.

    Materiais inovadores

    Diante de um mercado volátil e de constantes mudanças, a embalagem está em processo contínuo de mutação. A inovação é uma resposta às mudanças nas tendências sociais. Dessa forma, explorar práticas não usuais, usar matérias sabidamente reconhecidos por pertencerem a outros produtos em produtos em que jamais foram utilizados, inverter a situação e criar uma nova realidade, uma nova percepção ou tirar as soluções do prático e convencional é uma forma de trabalhar essa questão. Tirando a solução do óbvio, fica claro que inovar não significa usar materiais jamais utilizados.
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    Formatos inovadores

    A evolução dos produtos permitiu aos consumidores uma maior comodidade ao usá-los. O desenvolvimento de novos materias e de formatos diferenciados influenciou o design de embalagens. Essa evolução se deu inegavelmente pela necessidade de soluções diferentes. Todo ano as empresas se mantêm ligadas nas novas tendências  e trabalham na elaboração de soluções inovadoras para seus novos produtos. O principal objetivo é também uma busca incessante em otimizar o armazenamento, exposição e distribuição de produtos. Estar ligado significa estar um passo a frente de seus concorrentes.

    Impressão

    Entre as técnicas mais atuais de impressão estão a litografia com quatro cores, três ou menos, a flexografia, a gravação a laser, a serigrafia e técnicas especiais com tintas, vernizes e estampagens metálicas. Cada uma é indicada para um determinado material e todas possuem em comum uma tendência de reduzir os custos de impressão e também diminuir o impacto ambiental. A tendência geral, é que essas técnicas sejam referência para novas técnicas que diminuirão ainda mais o impacto e contribuirão para um desenvolvimento mais sustentável. Isso se reflete nas novas concepções de embalagens, com cada vez menos elementos gráficos.

    Elementos gráficos
    Os elementos gráficos abrangem uma parte muito relevante no design de embalagens, talvez a principal e a que reflete todo o poder de síntese e demonstração de produto e da linguagem da empresa. Mas sobretudo, reflete a perspicácia do designer e de suas habilidades. O designer é um ser obcecado pela excelência e prima muito pela energia de provar que o seu trabalho faz diferença. Dois designers diferentes darão duas soluções diferentes para o mesmo briefing e é isso que envolve a mágica da criação. Fazer uma embalagem não é uma ciência exata, é um aglomerado de informações agrupados às referências e repertório de quem as interpretará.
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    Tipografia
    No design de embalagem, a tipografia tem o papel de informar. Produtos têm nomes, descrições, usos, vantagens, variantes, ingredientes, componentes, instruções etc. Todos esses detalhes precisam ser mostrados de maneira legível. Composição, destacando o nome do produto ou do que se trata em primeiro lugar.
    A habilidade do designer neste tipo de aplicação consiste em escolher uma fonte que alie a forma com a função. A busca sempre é propiciar uma fácil leitura. As embalagens atuais utilizam a tipografia como elemento principal em sua composição, destacando o nome do produto ou do que se trata em primeiro lugar. As fontes são em sua maioria em corpo grande o suficiente para serem vistas de longe.
    A tipografia pode ser utilizada para posicionar a marca. Se o produto deve ser percebido como clássico ou contemporâneo, por exemplo. A tipografia é importante para considerar a personalidade de uma marca, e determinar, através da particularidade de cada uma, quem quer atingir e quem pretende alcançar.
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    Layout e informações
    Toda embalagem exibe informações em maior e menor grau, de maior ou menor relevância, respectivamente. Essas informações podem ser dividas em diferentes tipos, como marca, nomes, características, benefícios, pesos e medidas. Muitas vezes, todas essas informações ocupam um espaço maior do que o disponível e o desafio do designer é conseguir sintetizá-los da melhor maneira possível.
    A habilidade consiste em entender como manipular o layout das informações sem perder a preposição da marca, chamando e mantendo a atenção dos consumidores. Mas, acima de tudo, entender quais informações são mais importantes no ponto de venda, no momento de decisão da compra e no momento do uso.
    Na hierarquia da informação a principal preocupação é em abranger um maior número de pessoas, desde aquelas que têm mais facilidade em assimilar informações até aquelas que tem menos paciência de ler o que está escrito na embalagem. Para isso, é importante conhecer quais fatores terão um efeito sobre as decisões para então priorizá-los. E somente depois de definir o layout e a tipografia, pensa-se em peso, cores e em outros recursos como símbolos, ícones, barras, linhas e fios.
    O que se pode ver, é que na concepção de uma embalagem, muitos aspectos devem ser levados em consideração, uns mais importantes que os outros, mas todos contribuindo para um resultado final favorável.
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    Linguagem
    Hierarquias de informação funcionam de modo mais eficaz quando aliadas a uma linguagem envolvente e criativa. É comum que a linguagem não receba a importância merecida pelos proprietários de marca.
    O texto nas embalagens é importante por muitas razões, pois pode envolver os consumidores para que sejam capazes de entender um produto e de identificar as características e vantagens em relação a outros.
    A linguagem também pode demonstrar os valores que a marca está disposta a mostrar. Pode, sobretudo, diferenciar uma marca da outra, destacando suas qualidades e atributos. É essencial para despertar o fator emocional de quem as enxerga.
    Dentro da linguagem, alguns elementos que podem facilitar o relacionamento com o consumidor são as fotografias, ilustrações ou símbolos e ícones. Com base na semiótica, possuem um poder de destacar as informações e serem até mais eficientes que os textos. São de rápida identificação e se forem bem utilizados podem fazer analogias que estreitam o relacionamento do consumidor com a marca.
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    Na última parte, veremos as tendências que estão surgindo no mercado, e comprovaremos o motivo pelo qual as novas técnicas de impressão estão sendo favorecidas pelo design de embalagem.
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